A Jornada, iniciada na quinta-feira (9), tem o propósito de propiciar um debate entre diversos operadores do Direito, em matéria de saúde, tanto pública, quanto suplementar.
A Lei Federal n° 14.454/2022, trazida ao debate, obriga todas operadoras de planos de saúde do país a cobrirem procedimentos médicos que estavam fora da lista de tratamentos previstos pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Por conta dessas obrigações, o palestrante Luiz Toro abordou os efeitos e a polêmica que há a respeito da Lei, bem como afirmou que existem três preocupações quando se trata dos planos privados de saúde, que são: a sensibilidade, a qualidade e a sustentabilidade.
“A Lei 14.454, que estabeleceu o rol extra, é uma das questões de grande preocupação de toda a sociedade, porque não é possível calcular mais qual o valor do plano de saúde, já que antes havia o rol da ANS e, hoje, não tem mais”, disse Toro. O ministrante destacou que há uma preocupação do Judiciário quanto à aplicação dessas normas. “Acaba se estabelecendo e se colocando nos ombros dos juízes uma responsabilidade que não é deles. Essa é uma discussão de políticas públicas de saúde e de toda a sociedade”, observou o professor Luiz Toro.
Para a juíza da 8ª Vara Cível de João Pessoa e presidente da mesa, Renata da Câmara Pires Belmont, a Jornada de Saúde trouxe temas importantes para o debate no campo acadêmico e jurídico sobre saúde suplementar. “Saúde suplementar é um tema que tem sempre batido às portas da Justiça, além disso é um tema a ser esclarecido pela população e debatido, também, no mundo acadêmico. De modo que essa Jornada trouxe temas bastante enriquecedores, em termos de troca de conhecimentos”, enfatizou a magistrada.
A temática, em questão, teve como debatedor o advogado Osmar Tavares dos Santos Júnior. Ele afirmou que a Jornada foi de grande valia para os operadores do Direito e, ao mesmo tempo, observou que a Lei 14.454 trouxe inovações e que em certo ponto feriu à Constituição, bem como pode estar provocando um desequilíbrio econômico-financeiro no sistema de saúde como um todo.
“Então é importante debater sobre essa matéria, porque no final isso termina interferindo no nosso dia a dia, ou seja, a população que hoje tem plano de saúde está na iminência de não poder manter a sua condição de segurado e ter que ir procurar o Sistema Único de Saúde, gerando, assim, um desequilíbrio e causando uma evasão de pessoas que têm plano de saúde para o SUS”, comentou Osmar Júnior.
Em seguida, o juiz federal Clenio Jair Schulze tratou do tema ‘Evidências científicas na qualificação das decisões judiciais’. O presidente da mesa foi o também juiz federal Gustavo de Paiva Gadelha e como debatedor, o juiz do Tribunal de Justiça da Paraíba e coordenador do Núcleo de Justiça 4.0 – Saúde Pública, Renan do Valle Melo Marques.
Por Marcus Vinícius