O “MoveMente” está consolidado no Presídio Feminino Júlia Maranhão, onde já funciona há cinco anos e beneficia 40 reeducandas. O Projeto nasceu de uma parceria envolvendo o Poder Judiciário estadual, as diretorias das Penitenciárias e a Secretaria de Administração Penitenciária. Para o juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP) da Comarca da Capital, Carlos Neves da Franca Neto, que estava presente na primeira apresentação do “MoveMente”, no Sílvio Porto, a iniciativa une música, dança e trabalho físico, para agregar uma melhor situação de saúde mental e de boas expectativas às reeducandas.
Quem também acompanhou o evento foi a juíza auxiliar da VEP, Andréa Arcoverde, uma das mais entusiastas do “MoveMente”. Inclusive, a ideia inicial da ação surgiu de conversas informais entre a magistrada e a professora educadora física, Germana Dália, responsável por ministrar as aulas de dança. “Estamos, realmente, muito felizes com a consolidação desse projeto. É uma vitória, que reúne valores muito importantes, responsáveis por transcender a saúde mental e entrar no processo de reflexão de vida, de autoestima e autoconhecimento, acerca de suas possibilidades”, pontou Arcoverde.
Já a coordenadora do Programa Fazendo Justiça do CNJ, na Paraíba, Thabada Louise, classificou o “MoveMente” como um grande avanço no sistema penitenciário estadual. “Essas pessoas estão privadas de liberdade, mas não do direito que elas têm. É com iniciativas como esta que podemos verificar o crescimento da humanização no interior dos presídios e a ressocialização dos apenados”, avaliou.
Para a professora Germana Dália, “MoveMente”, além dos benefícios à saúde, leva alegria e leveza às reeducandas, com exercícios funcionais e dança. “Depois de cinco anos no Júlia Maranhão, conseguimos estabelecer o projeto em mais uma unidade prisional, beneficiando as meninas do Sílvio Porto. Nosso foco é trazer o empoderamento dessas mulheres trans, para que se sintam seguras e capazes de aprender, evoluir e de se transformar”, disse.
A professora informou que no Sílvio Porto, das nove mulheres trans, seis estão no projeto. “As atividades também previnem doenças, combate o sedentarismo no ambiente prisional e assegura melhor qualidade de vida para reeducandas”, acrescentou Germana Dália.
Novo olhar – Aisla Camila do Nascimento, 24 anos, é uma das alunas do Projeto “MoveMente”. Ela foi um dos destaques da apresentação desta terça-feira (5) e falou do significado da dança em sua vida. Muito animada com a oportunidade de dançar duas vezes na semana. “Tenho certeza que as pessoas terão um novo olhar, quando a gente sair daqui. Só posso agradecer a todos envolvidos, principalmente, a juíza Andréa Arcoverde, ao diretor do presídio e a nossa professora, que é maravilhosa”, destacou, Aisla revelou que já dançava antes de entrar na penitenciária. “Sempre fui boa em dança, mas agora estou ficando melhor”.
O diretor da Penitenciária Sílvio Porto, Gilberto Rio, esclareceu que os melhores horários para a realização das aulas de dança já estão sendo pautados com a professora Germana Dália. “Ela sempre abre não de outros compromissos, para estar aqui. Também quero destacar o apoio e o acompanhamento de perto do Poder Judiciário estadual, nas pessoas dos juízes Carlos Neves e Andréa Arcoverde.
A coordenadora estadual da Educação nas Unidades Prisionais da Paraíba, Eliane Maria de Aquino, afirmou que quando a cultura entra nos presídios e cadeias públicas, acontece um o fator transformador. “Um exemplo claro disso é essa ação fantástica. É preciso dizer que a humanização precisa estar presente na vida dos reeducandos e reeducandas e a educação transforma as pessoas e abrange todas as esferas”, definiu.
Coral – Outro empreendimento de ressocialização já consolidado é o Coral Vozes da Liberdade. O grupo é formado por reeducandos da Penitenciária Sílvio Porto e foi responsável pela abertura do evento do “MoveMente” Reconhecido pelas belas músicas interpretadas, O coral também se apresentou, na tarde desta segunda-feira (4), em comemoração ao quarto aniversário da Fundação Paraibana de Gestão Saúde, gestora do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires. O Coral Vozes da Liberdade existe há oito anos, contando com 30 coralistas, inseridos no Programa de Remissão pelo Canto e coordenado pela juíza Andréa Arcoverde. Seu maestro é Daniel Berg, e co-repetido, Sérgio Gerarde.
Por Fernando Patriota