“Estou aqui para tentar uma nova vida. Eu quero trabalhar, produzir e mostrar para mim mesmo e à minha família que posso mudar para melhor”, disse um dos reeducandos

Fruto de um convênio entre a Vara de Execução Penal (VEP) de João Pessoa, o Conselho da Comunidade da Capital e o Instituto Viva Cidadania, a Fábrica de Sandálias ‘Calçados para Liberdade’ foi instalada no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto e já  funciona há seis meses, com uma produção de 500 pares por semana. O projeto tem a missão basilar de beneficiar a remição da pena dos reeducandos e trazer de volta sua dignidade, dentro de um processo de ressocialização e profissionalização. Com apoio da Secretaria de Administração Penitenciária, atualmente, três pessoas conseguem gerar a produção da Fábrica, que pode ser maior, dependendo da demanda.

Segundo o juiz titular da VEP de João Pessoa, Carlos Neves da Franca Neto, o trabalho alcança o preso de várias formas. “Além da ressocialização, o apenado está sendo beneficiado com uma terapia ocupacional e, ao mesmo tempo, aprende uma profissão. Considero essa Fábrica uma marco na história das penitenciárias paraibanas”, ressaltou.

O magistrado afirmou que o Poder Judiciário estadual, ao lado de outras instituições, vai ampliar a força de trabalho dentro dos presídios de João Pessoa. Para exemplificar, ele adiantou que a previsão é inaugurar, ainda este ano, uma fábrica de vassouras, na Penitenciária Média de Mangabeira, uma unidade na produção de fraudas e absorventes, dentro da Penitenciária Júlia Maranhão, onde já funciona o Projeto Castelo de Bonecas, e uma fábrica de produtos de limpeza, na Penitenciária PB1, de segurança máxima.

Para o secretário de Administração Penitenciária, coronel Sérgio Fonseca de Sousa, a concretização do projeto da Fábrica de Sandália é um conjunto de esforços, que envolve  instituições e pessoas, efetivamente, preocupadas com a ressocialização dos presos. “O resultado disso é reeducar as pessoas privadas de liberdade. São homens que estão gerando renda e uma nova perspectiva de vida”, comentou. Ele informou que o arrecadado com a venda dos produtos é dividido com a manutenção da própria fábrica, com a Administração Penitenciária, Conselho da Comunidade e outra parte vai para a família do apenado.

Já o presidente do Conselho da Comunidade de João Pessoa, Aluízio Júnior de Macedo Paiva, a Fábrica de Sandálias é um lumiar de uma nova realidade no sistema prisional. “Quero destacar o papel fundamental da Vara de Execução Penal de João Pessoa, em todas as fases desse processo de construção, na pessoa do juiz Carlos Neves e da juíza Andréa Arcoverde, que nos apoiam. Dessa forma, podemos desenvolver políticas de melhoria da população carcerária, que envolve apenados, agentes penitenciários e seus familiares”, comentou.

Para um dos detentos, que preferiu não se identificar, a Fábrica é a oportunidade de trabalhar dentro da penitenciária e uma chance de voltar à sociedade com um olhar diferente sobre a vida, sobre a família e o trabalho.  “Estou aqui para tentar uma nova vida. Eu quero trabalhar, produzir e mostrar para mim mesmo e à minha família que posso mudar para melhor. Quero fazer tudo diferente e ser reintegrado à sociedade. Para cada três dias que trabalho aqui, tenho um dia remido da minha pena”, comemora o reeducando, que está na linha de frente da produção.

A Diretoria da Penitenciária também capacitou uma equipe de suplentes, para que a produção não seja interrompida, diante de uma possível substituição de apenados.

Por Fernando Patriota/Gecom-TJPB

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