Cerca de 60 internos, que cumprem medidas socioeducativas na Capital e em Campina, serão beneficiados com a ressocialização através da aprendizagem profissional
TJPB assina Acordo de Cooperação Técnica de aprendizagem profissional para internos do Sistema Socioeducativo / Fotos: Ednaldo Araújo

O presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos, assinou um Acordo de Cooperação Técnica, que tem por objetivo a implantação da aprendizagem profissional nas unidades de internação do Sistema Socioeducativo ‘Edson Mota’, no Município de João Pessoa, e no Lar do Garoto ‘Padre Otávio Santos’, na cidade de Lagoa Seca. A solenidade de assinatura aconteceu na tarde desta quarta-feira (18), no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), no Cabo Branco.

Também são consignatários do acordo pioneiro no Estado a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado da Paraíba (Fecomércio, Sesc e Senac), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano, a Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (Fundac), o Ministério Público do Trabalho, a Superintendência Regional do Trabalho da Paraíba, o Ministério Público estadual e a Defensoria Pública do Estado.

Conforme o documento, serão executados cursos na modalidade presencial, do Programa de Aprendizagem Profissional Comercial em Serviços Administrativos do Senac. O projeto está previsto para ter início em março de 2020, com carga de 1.272 horas de aulas teóricas e práticas. Cerca de 60 internos, que cumprem medidas socioeducativas, serão beneficiados com a ressocialização através da aprendizagem profissional.

Presidente Márcio Murilo
O desembargador-presidente, Márcio Murilo, ressaltou a iniciativa como importante, enfatizando que é dever do Judiciário estadual propiciar os meios de recuperação de adolescentes em conflito com a lei, em situação de risco e de hipossuficiência social. “Esse Termo de Cooperação, envolvendo várias instituições, levará credibilidade e esperança para esse público infantojuvenil. Parabenizo a juíza Antonieta Maroja que esteve à frente para que o Tribunal de Justiça participasse desse convênio. Estou muito feliz em poder contribuir para a ressocialização desses jovens”, salientou, destacando o baixo índice de reincidência em outros estados, após a implantação de programas com esta finalidade.

Mickaelli King
A coordenadora da Seção de Assistência Psicossocial da Vara da Infância e Juventude de Campina Grande, Mickaelli King, que representou o juiz Hugo Gomes Zaher, explicou que o projeto foi construído com a participação de vários órgãos parceiros do TJPB e que a pretensão é expandir para a cidade de Sousa. “Nessa primeira experiência, vamos avaliar quais são as perspectivas de inserção desses 60 internos já formados no mercado de trabalho. A princípio, serão apenas as unidades masculinas, mas, pretendemos expandir para as unidades femininas, aqui em João Pessoa”, disse a coordenadora, informando que o projeto nasceu de um grupo de trabalho interinstitucional existente na área da Infância e Juventude de Campina Grande.

Já o procurador do Trabalho, Raulino Maracajá, comentou que a medida funciona em alguns Estados e tem surtido efeito em termos de ressocialização. “Já temos frutos excepcionais de números baixíssimos de reincidência de internos que participam do projeto de aprendizagem em outros estados da Federação. Este será o começo de inúmeras turmas em toda a Paraíba, com o intuito de que esses adolescentes não retornem ao sistema socioeducativo e, muito menos, ao prisional”, pontuou, enfatizando que os jovens serão contratados pelas empresas parceiras, com todos os direitos trabalhistas garantidos.

Marcone Medeiros
O presidente da Fecomércio, Marcone Medeiros observou que a ressocialização, proposta pela iniciativa do acordo de cooperação, trata-se de um dos grandes objetivos da Justiça. Para ele, além de punir, quando necessário, o Judiciário também se preocupa  em ressocializar os adolescentes em conflito com a lei. “Fico muito feliz, porque o Senac é uma instituição preparada para dar uma formação profissional, tanto à sociedade no nosso Estado, como, principalmente a esses, que depois de cumprir com a sua responsabilidade com a Justiça, têm que ser integrados novamente no mercado de trabalho. Essa é a nossa grande preocupação”, realçou.

O presidente da Fundac, Noaldo Meireles, enfatizou que a experiência beneficiará a  sociedade paraibana, porque são 60 jovens que terão a oportunidade de ter uma aprendizagem profissional, de longa duração, dez meses. “Eles terão a carteira assinada como jovens aprendizes e sairão com a possibilidade de encaminhamento para o mercado de trabalho muito competitivo. Essa qualificação permitirá que eles entrem nessa disputa e assegurem uma oportunidade de retomar a vida sem voltar a delinquir, que é o objetivo do sistema socioeducativo, em oportunizar o retorno desses jovens à sociedade”, enfatizou.

Procurador-geral Francisco Seráphico
Para o procurador-geral de Justiça, Francisco Seráphico da Nóbrega Filho, o grande objetivo do Termo de Cooperação é integrar todas as instituições, que lidam com a temática da ressocialização de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, buscando uma atuação conjunta no sentido de oferecer cursos profissionalizantes, de modo que eles possam retornar ao convívio social, efetivamente, com um futuro garantido. “O Ministério Público, através do Centro Operacional de Apoio à Infância, almeja, justamente, fortalecer essa política institucional voltada à proteção dos direitos da criança e do adolescente”, concluiu.

Por Lila Santos/Gecom-TJPB

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