Na tarde desta quinta-feira (31), foi inaugurada a Fábrica de Sandálias ‘Calçados para Liberdade’, instalada no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto. A penitenciária é de regime fechado e está localizada no Bairro de Mangabeira, em João Pessoa. A iniciativa vai beneficiar a remição da pena dos presos, além de trazer dignidade ao detento, em um processo de ressocialização e profissionalização. A fábrica é fruto de um convênio entre o Conselho da Comunidade, ligado à Vara de Execução Penal (VEP) da Capital, com o Instituto Viva Cidadania (IVC). Também é parceiro nesta ação a Secretaria de Administração Penitenciária. Dependendo da demanda, podem ser produzidas de 100 a 500 sandálias por semana.
O corregedor-geral de Justiça, desembargador Romero Marcelo da Fonseca, disse que o Poder Judiciário estadual está acompanhando de perto os projetos de ressocialização que estão sendo lançados nos presídios da Paraíba. “A Corregedoria tem prestigiado esse trabalho e damos todo apoio a iniciativas como essa, que vai gerar recursos para todo o sistema carcerário e remir a pena dos que estão trabalhando”, comentou. No primeiro momento, três apenados serão os responsáveis pela produção de média escala da Fábrica Calçados para Liberdade, que terá venda comercial, inclusive com a possibilidade do Governo do Estado ser um dos compradores da produção.
Para um dos três detentos que está na linha de produção da fábrica, a oportunidade de trabalhar dentro da penitenciária é uma chance de voltar à sociedade com um olhar diferente sobre a vida, sobre a família e o trabalho. “Estou aqui para tentar uma nova vida. Eu quero trabalhar. Eu quero produzir e mostrar para mim mesmo e à minha família que posso mudar para melhor. Quero fazer tudo diferente e ser reintegrado a sociedade”, enfatizou. Também foi capacitada uma equipe de suplentes, para que a produção não seja interrompida, diante de uma possível substituição de apenados. “Para cada três dias trabalhados, tenho um dia remido da minha pena”, comemora.
Segundo o juiz titular da VEP da Capital, Carlos Neves da Franca Neto, o trabalho alcança o preso de várias formas. “Além da ressocialização, o apenado está sendo beneficiado com uma terapia ocupacional e, ao mesmo tempo, aprende uma profissão. É a unidade da parceria que está fazendo a força. Estamos vivenciando uma data marcante e histórica”, destacou. O magistrado afirmou que o Poder Judiciário estadual, ao lado de outras instituições, vai ampliar a força trabalho dentro dos presídios. Para exemplificar, ele adiantou que será inaugurada a fábrica de vassouras, na Penitenciária Média de Mangabeira, a produção de fraudas e absorventes, na Penitenciária Júlia Maranhão, onde já funciona o Castelo de Bonecas, e a fábrica de produtos de limpeza, na Penitenciária PB1.
Para o secretário de Administração Penitenciária, coronel Sérgio Fonseca de Sousa, a concretização do projeto da Fábrica de Sandália é uma soma de esforços de instituições e pessoas preocupadas com a ressocialização dos presos. “O resultado disso é reeducar as pessoas privadas de liberdade. São apenados que estão gerando renda e uma nova perspectiva de vida”, comentou. Ele informou que o que for arrecadado com a venda dos produtos será dividido com manutenção da própria fábrica, com a Administração Penitenciária e para o Conselho da Comunidade.
De acordo com o presidente do Conselho da Comunidade de João Pessoa, Sérgio Flores, muitas pessoas se uniram em prol da materialização desse projeto. “Na verdade, estamos presenciando um verdadeiro sonho sendo concretizado. Isso só foi possível devido à união de muitas pessoas envolvidas e atentas à situação dos reeducandos”, avaliou.
Também estavam presentes na solenidade de inauguração da Fábrica de Sandálias Calçados para Liberdade, o juiz-corregedor, Marcos Sales, a juíza auxiliar da VEP da Capital, Andréa Arcoverde, o secretário-executivo da Secretaria de Administração Penitenciária, João Paulo Ferreira Barros, o presidente da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, Reinaldo Fujimoto e a presidente da Associação das Esposas dos Magistrados e das Magistradas da Paraíba (Aemp), Solange Guedes da Franca.
Por Fernando Patriota/Ascom-TJPB