“Amarelo é minha cor preferida”, disse a menininha entusiasmada com seus vários lápis de cor, se preparando para a tarefa escolar. A vida, no entanto, pintou de cinza muitos dos seus dias, o que a levou a ter que se afastar da família, por força de uma decisão judicial, e ser colocada na Casa de Acolhimento de Santa Rita. Em contrapartida, a Casa vem trabalhando para provê-la de seus direitos fundamentais, devolvendo-lhe, também, o colorido da infância.
Os serviços da unidade foram verificados esta semana pelos magistrados que integram a Corregedoria-Geral de Justiça, por ocasião da correição que vem sendo realizada na Comarca. No mesmo dia, também foram visitados o Conselho Tutelar – 1ª Região, o Centro de Referência e Assistência Social (Cras), o Centro Especializado de Referência e Assistência Social (Creas) e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) do Município.
A Casa de Acolhimento conta, hoje, com 16 acolhidos, sendo oito crianças e oito adolescentes. Durante a visita, os juízes-corregedores Carlos Neves, Aparecida Gadelha e Antônio Carneiro dialogaram com a Direção sobre a situação dos acolhimentos, a atuação da equipe técnica, as providências relacionadas à profissionalização dos jovens e a relação com o Poder Judiciário.
Para a diretora da unidade, Solange da Silva Monteiro, um dos problemas enfrentados ainda é o estigma. “As pessoas pensam que os acolhidos fizeram algo de errado ou cometeram alguma infração. Falta a consciência de que, na verdade, os direitos deles é que foram violados”, pontuou.
O fortalecimento da relação com a Justiça local também foi incentivado pelos juízes-corregedores e visto com bons olhos pela diretora. “É muito importante saber deste apoio que os senhores e a Vara podem nos oferecer”, disse.
Demais visitas – O vínculo com o Judiciário foi ressaltado em todas as visitas realizadas pela CGJ, conforme ressaltou o corregedor-geral de Justiça, desembargador Carlos Beltrão. “Estamos aqui para conhecer e articular os serviços, favorecendo a comunicação eficiente com a Justiça, pois ninguém trabalha sozinho”, disse.
Ao chegarem no Conselho Tutelar – Região 1, as informações foram prestadas pelo presidente Lenilson Costa. “Me senti privilegiado por saber que temos a Justiça ao nosso lado. São braços fortes para ajudar a rede em seu funcionamento. Muito importante contar com esta parceria”, declarou.
Já no Cras, a coordenadora Jaqueline Freitas revelou que cerca de 140 pessoas passam semanalmente pelo local, sendo 80 para serviços de convivência e 50 para atendimentos.
As dificuldades ali são comuns às encontradas no Conselho Tutelar e também no Creas, conforme explicou a diretora deste último, Iaponira Dias. Uma delas é o fato de que jovens assistidos pelo Centro e que residem em áreas de domínio de facções criminosas são proibidos de acessar zonas e integrantes das facções rivais, o que exige destreza das unidades para que eles não se encontrem.
No Caps II, a diretora Maria de Lourdes Santos apresentou as instalações e explicou o fluxo semanal no local, bem como as atividades desenvolvidas.
Por Gabriela Parente