Na década de 1980, quando eu ainda era alegre e jovem, fui levado por Luiz Carlos Cândido – meu primo – para o curso de teatro ministrado pelo saudoso diretor Roberto Cartaxo, na Fundação Espaço Cultural (Funesc), em João Pessoa.

Minha timidez não me permitiu concluir a primeira aula (em um episódio que bem que mereceria um texto a respeito…). Definitivamente – pensei – o meu futuro não era o teatro! Não no palco…

Lucas Queiroga e Juciene Fernandes em cena de ‘Queryda neurose’

O curso de teatro da Funesc tem mais de três décadas de existência. Nesse tempo todo formou centenas de atrizes e atores. Artistas que hoje colaboram intensamente com a permanente construção da cena teatral paraibana.

Alguns deles ganharam projeção internacional (atuando ainda na TV e na área de cinema). Jovens que nas décadas anteriores passaram pela formação na Funesc.

Não vou citar nomes (devido ao risco senil de esquecer muitos deles). Aqueles jovens integram o modo presente do teatro paraibano. E quem representa o futuro do teatro paraibano? Sobre quem estaremos falando nas próximas décadas? Quer conhecer o futuro do teatro paraibano? Assista – com atenção e gargalhofrenia – ao espetáculo ‘Queryda neurose’…

A peça pode ser vista neste domingo, dia 2, a partir das 20h, na Sala Roberto Cartaxo, na Fundação Espaço Cultural. Ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Em cena, alunos do tradicional curso de teatro da Funesc, sob direção de Nyka Barros e Tony Silva.

Sexta-feira e ontem, ‘Queryda neurose’ foi encenada para uma casa lotada (perto de 150 espectadores). Muito riso e também interação com a plateia marcaram as apresentações. Espetáculo termina com um bailão ao som de Chico Buarque….

Texto da também professora do curso (e gerente de Teatro da Funesc) Suzy Lopes é baseado na obra de Mauro Rasi: ‘A mente capta’ (de 1982). Com Diogo Vilela e Louise Cardoso dirigidos por Wolf Maya.

Juciene Fernandes e Isabele França em cena de ‘Queryda neurose’

Há uma ruma de piadas envolvendo carência afetiva, desprezo dos pais e dificuldades em relacionamentos.

A sinopse é a seguinte: uma sala de terapia onde todos os pacientes são atendidos coletivamente por uma assustadoramente divertida profissional chamada ‘Doutora Rosa Cruz’.

A adaptação feita por Suzy levou em conta que muitas das piadas oitentistas eram agressivas e desrespeitosas para o dia de hoje… Assim, o texto ficou mais leve e não menos engraçado.

E por falar em ‘engraçado’, o elenco tem uma sintonia que facilita o sucesso das piadas. Mas, é explícito o destaque de alguns dos integrantes do grupo. Juciene Fernandes (doutora Rosa), Lucas Queiroga (Sig) e Ivo Correia (Esponjinha) são esplendorosos em cena. Destaque, ainda, para Elias Matias (Romeu) e Leandro Nobre Fialho (Fausto Santos).  O elenco tem também Fernanda Maranho, Isabele França, Israela Ramos, Kátia Diniz, Raíssa Gama e Sônia Pontes.

Lucas Queiroga como divertido hostess antes do início da peça

Juciene é senhora da situação, eficiente na interpretação do texto e rápida nos cacos. Ivo parece um filhote de Thardelly Lima, com mungangas extremamente funcionais.

Lucas nos oferece a melhor construção de personagem, sendo tão convincente quanto engraçado no papel de auxiliar da doutora Rosa. Importante informar que cenário, figurino e iluminação são de Vinícius Dadamo.

‘Queryda neurose’ é uma excelente opção para esta noite de domingo, nos mostrando como é possível gargalhar na cara de nossas loucuras e também de como é possível acreditar em um teatro paraibano que não para de se reinventar.

Levando em conta que o elenco é formado por alunos, o espetáculo é muito bom (apesar de um ou dois integrantes ainda sofrerem com dicção ruim, baixo volume de voz e mesmo má construção interpretativa). De maneira geral, você vai assistir ao futuro do teatro paraibano… Não deixe de ver!

1 Comentário

  1. Leandro Nobre Fialho Responder

    Muita sensibilidade e critério no seu olhar. Crítica muito boa.
    Fiquei feliz!

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