Nove minutos de exercícios de inteligentes discursos e não discursos amparados – muitas vezes – em hipertextos plenos de poeticidade. Essa é uma definição possível para o curta-metragem paraibano ‘Todos os ritmos por dentro’, com direção de Bruna Guido e Kaline Menezes, de Campina Grande.

Cena de ‘Todos o ritmos por dentro’

O curta em preto e branco foi exibido esta semana dentro da programação do Meu Espaço (realizado pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba – Funesc) e permanece disponível no canal da Funesc no YouTube. Neste sábado, dia 23, Bruna Guido estará participando de uma live no Instagram da Funesc, a partir das 17h.

As personagens Raquel e Débora formam um jovem casal em conflito afetivo. Ciumeira mesmo! Distante de sua amada devido à quarentena, Raquel descobre que Débora saiu para encontrar outra pessoa. O amor não acaba, mas a Internet sim… E é partir dai que o filme se desenvolve no apartamento 202.

Nesse ponto da Internet há mensagens não verbais bem inteligentes. Raquel tenta acessar uma rede wi-fi chamada ‘Não tem no Brasil’e põe a senha: ‘igualdade social’. Logicamente, não consegue acessar (em uma crítica explícita à ausência de igualdade social em solo brasileiro).

Cena de ‘Todos o ritmos por dentro’

O tempo fílmico de ‘Todos os ritmos por dentro’ parece durar em torno de 18 horas, quando a personagem já está há mais de 30 dias em isolamento. Raquel se desdobra para arranjar o que fazer durante o isolamento e a sozinhez afetiva.

Sem a Internet, Raquel se debruça sobre uma missão: ‘ler o maior numero de livros’. Entre as opções que aparecem no filme estão ‘Seja o amor de sua vida’, ‘Outros jeitos de usar a boca’ e Textos crueis demais para serem lidos rapidamente’.

Cena de ‘Todos os ritmos por dentro’

Também são opções de leitura de Raquel ‘Garota exemplar’, ‘A vida invisível de Euridice Gusmão’, ‘Eu, Christiane F. – A vida apesar de tudo’ e uma coletânea de poemas/letras. Em duas cenas, ela lê um de Cazuza – ‘Querido Diário (Tópicos Para Uma Semana Utópica)’ – e outro de Vinicius de Moraes – ‘Balada das arquivistas’).

Curta termina com um trecho de ‘Morro Dois Irmãos’, de Chico Buarque: “É assim, como se o ritmo do nada / fosse sim todos os ritmos por dentro. / Ou então, como um música parada / sobre um montanha em movimento”. O que acontece com casal…? Bem… ‘Todos os ritmos por dentro’ mostra qual a pele do amor e onde ele habita… Vale a pena ver.

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