Embora o futebol seja um esporte profundamente popular no Brasil, sua origem é profundamente elitizada. A história mostra que sua prática surge entre os mais abastados (fazendo questão de excluir pobres e negros).
A luta para que negros tivessem o direito de jogar profissionalmente foi árdua. O racismo era tamanho que um jogador brasileiro considerado maior que Pelé foi impedido de disputar uma Copa do Mundo. Motivo: ser negro.
Arthur Friedenreich era uma espécie de divindade do futebol no começo do século XX. Historiadores dizem que ele fez mais gols que Pelé e que tinha uma técnica elegante e refinada, tendo atuado em times paulistas (com destaque para Paulistano e São Paulo).
Fried encerrou a carreira no Flamengo, com um discurso profundamente contrário à profissionalização dos atletas. Um amador… Atacante brilhante, que foi impedido por anos de jogar na Seleção Brasileira e que foi barrado na Copa de 1930 por uma briga entre federações.
E quem danado foi o paraibano que impediu Arthur Friedenreich de jogar na Seleção Brasileira? O presidente Epitácio Pessoa, em 1919. Ele assinou uma Lei Federal que vetava negros ou mulatos na Seleção (para não manchar a imagem do País no exterior)…
O que aconteceu com a Seleção? Começou a acumular resultados negativos em competições internacionais. Diante de tantas derrotas, a lei foi revogada e – no mesmo ano – Fried foi convocado e o Brasil foi campeão do torneio.
Friedenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols. Conquistou a Copa Roca, a Copa América de 1919 (marcando o gol do título na prorrogação) e a Copa América de 1922. Foram as primeiras grandes conquistas do Brasil no futebol.
O choro ‘Um a zero’ – de Benedito Lacerda, Pixinguinha e Nelson Ângelo – foi composto em homenagem ao gol de Fried contra o Uruguai na final de 1919. ‘El Tigre’ – como também era conhecido o atleta – fez história…
E parafraseando a música do paraibano Chico Limeira (‘Imprópria’) que criticou várias autoridades políticas paraibanas (inclusive Epitácio Pessoa), a história mostra que o futebol também é luta contra o racismo e contra o fascismo. Dessa forma, ‘tá valendo sim, boy’…
1 Comentário
Otima matéria. Adorei.