Em 1917, durante a I Guerra Mundial, o Brasil teve o lançamento de seu primeiro filme de animação: o curta-metragem ‘Kaiser’, de Seth (Álvaro Marins). Mais de um século depois, obviamente, muita coisa mudou. Inclusive, a quantidade (e qualidade) de animações nacionais (curtas e longas).
Na Paraíba, há excelentes produções, como os premiados longas ‘A princesa de Elymia’ e ‘Juvenal e o Dragão’, do cineasta Silvio Toledo. Ainda os curtas ‘A botija’ (de Joana Menara) e ‘Era uma noite de São João’ (de Bruna Velden), além de ‘Anjos cingidos’ (de Laércio Filho e Maria Tereza Azevedo, premiados no Brasil e nos EUA).
Esse último filme mencionado é uma produção paraibana ‘made in Aparecida’ (a 400 km de João Pessoa). Chama bastante a atenção a produção da empresa Acauã. Esse ano, durante a Mostra Bananeiras de Cinema, pude ver o lançamento de mais uma animação da produtora aparecidense: ‘A menina que amava gatos’.
Dirigido por Maria Tereza Azevedo, 21, o filme narra a delicada história de Teté, uma menina que se dedica a dezenas de gatos abandonados na pequena Vila do Farol. Ambientada no período pós-pandemia, a obra alerta para os casos de abandono de cães e gatos no Brasil (que cresceram 61% após a pandemia de Covid).
Com roteiro de Laércio Filho e trilha sonora original de Socorro Lira, ‘A menina que amava gatos’ utilizou a técnica de desenho 2D. Essa animação marca os 20 anos da ONG Acauã Produções Culturais (desde o premiado ‘Memória Bendita’, selecionado na primeira edição do programa ‘Revelando os Brasis’, do Ministério da Cultura).
‘A menina que amava gatos’ reflete uma efervescência fílmica da Paraíba. Em especial, a produção em cidades do interior. É um filme de extrema delicadeza e poeticidade, com um viés de conscientização e alerta. Há um necessário didatismo frente ao problema apontados pelas estatísticas e um envolvente sentimento solidário. A protagonista do filme é uma espécie de heroína do cotidiano.
Maria Tereza Azevedo é promissora! Sua direção solo – estou certo disso – é a primeira de muitas… Seu traço e sua condução felina colocam a Paraíba em pé de igualdade com a produção de tantos outros Estados. ‘A menina que amava gatos’ ronrona 24 vezes por segundo um ativismo, uma dulcidão e uma cordura… É poesia! E o cinema paraibano respira e vive!!!