Artistas conservadores ligados à direita nacionalista e ao bolsonarismo no Rio Grande do Norte lançaram em Natal o Movimento Canarinho (de apoio a manifestações para “unir e libertar a classe artística, amordaçada e aprisionada dos calabouços da ditadura cultural ideológica de esquerda”). Um cantor paraibano participou desse evento, no fim de semana passado, na galeria B-612, mas garante ter caído em uma ‘armadilha’.
Radicado no Estado do Rio Grande do Norte há algum tempo, o cantor e compositor paraibano Erick Von Söhsten estava no “lugar errado e na hora errada” e disse que não sabia que o evento tinha conotação política. “Não sou de movimento de esquerda nem de direita. Quero é que o país dê certo! Fui dar uma força a um amigo e montei meu equipamento para tocar. Fizeram umas fotos lá e publicaram sem minha autorização”, contou ele.
O Movimento Canarinho é encabeçado pelo artista plástico Tiago Vicente e tem entre os adeptos o pintor Francisco Eduardo. O músico Cleudo Freire teve o nome divulgado como membro do movimento, mas – assim como Erick Von Söhsten – negou participação e divulgou texto em que afirma não integrar “nenhum movimento artístico fascista nem comunista, ateu nem religioso!”.
O movimento Canarinho é, conforme integrantes, “em defesa da arte brasileira que representa o bom, o belo e o verdadeiro!”. Nas redes sociais, o artista Tiago Vicente postou que os artistas de direita fazem a arte “que eleva o homem, família, religiosidade, ligação do homem com a terra e patriotismo. Se você artista se identifica com esses valores venha juntar- se a nós!”.
Erick é autor do álbum ‘Três tempos’, com músicas dos seus três discos anteriores: ‘Armadura’ (1997), ‘Sine qua non’ (2003) e ‘Zaraquê Trio ao vivo’ (2007). É um nome de destaque da cena cultural paraibana, tendo “tocado na noite” por muitos anos e também tendo participado de diversos festivais de música. Na década de 1990, por exemplo, defendeu ‘Vampiro exposto” (música de Carlos Aranha) em uma das edições do MPB-SESC.