Tenho amigos que estão virados num traque com relação ao debate sobre a possível obrigatoriedade de vacinação contra o coronavírus. Em meio a essa pandemia, alguns deles garantem que não vão aderir à imunização e que não há nada nem ninguém que os obrigue a tomar a tal vacina.
Um deles me dizia que não tomaria a vacina de jeito nenhum. Fazia campanha contra e tentava influenciar aqueles que conhecia a dizer não à campanha de imunização. Ele foi infectado pelo coronavírus e morreu! Antes mesmo da campanha começar, meu colega negacionista e eleitor de Bolsonaro se foi…
Enquanto o Brasil segue aceleradamente para a marca dos 200 mil mortos pelo COVID-19, alguns dos meus amigos difundem um discurso contrário à vacinação obrigatória e alegam liberdade de escolhas… Alguns deles até se arvoram a mencionar calhamaços de legislações que teriam força para acolher suas percepções a respeito da imunização.
O que eu já escutei de profissionais da área jurídica é que – realmente – não há como obrigar uma pessoa a se vacinar. Mas (e haja conjunção adversativa neste momento), dizem os mesmos profissionais, se não dá para multar ou prender quem for contra a vacinação, dá para barrar quem não for vacinado em diversos lugares e proibir o acesso a benefícios e serviços…
É provável que seja definido que aquele que não tomar a vacina contra o coronavírus não possa, por exemplo, se matricular em escolas e faculdades. Também não daria para viajar de ônibus e avião. E ainda estaria proibido de receber benefícios como o Bolsa Família, além de ficar sem acesso a locais de alta concentração de público – como estádios e casas de show.
Não que já tivesse nascido, mas isso me faz lembrar a Revolta da Vacina, quando o Governo do Rio de Janeiro tentou vacinar a população contra a varíola. Era uma epidemia matando aos milhares, mas a população disse não à vacina proposta por Oswaldo Cruz. Resultado: houve uma segunda onda que matou mais ainda!!! E aí a população se viu obrigada a dizer sim…
Qualquer um tem o direito de dizer que não vai tomar a vacina e que prefere arcar com as consequências… No fim das contas, não há mesmo ‘nada nem ninguém’ que te obrigue a ser imunizado. Aliás, só uma coisa pode te obrigar a dizer sim à imunização e parar de reviver a ‘Revolta da Vacina’: a consciência. Mas essa tal de consciência não anda muito em moda…
Estamos em uma país onde o presidente sugere que é preciso criar um termo de responsabilidade a ser assinado por quem aderir à imunização e ainda afirma não haver pressa para iniciar a campanha de vacinação. Um discurso que tenta desmerecer a campanha e assustar a população diante da necessidade explícita (e urgente) de vacinação.
Em tempo: vou tomar a vacina (e aconselho meus amigos a tomarem). Mas, quem quiser que tome… cloroquina.