Enquanto escuto Jorge Ben Jor, Bebeto e o Clube do Balanço, lembro que o Dia do Samba-rock é festejado nesta segunda-feira, dia 31 (mesmo dia do nascimento do saudoso Jackson do Pandeiro, o ‘rei do ritmo’).
Não há como negar a complexidade de combinações rítmicas do samba-rock, assim como é inegável que seja ele um exercício de força do colonizador. Um lindo e cruel resultado da força estrangeira sobre os nossos sons.
Conforme a pesquisadora Luciana Oliveira, em ‘A Gênese do samba-rock: Por um mapeamento genealógico do gênero’, a criação do samba-rock foi uma estratégia de interação entre grupos sociais populares e novas tendências culturais globais.
A pesquisadora fala em apropriação, reestruturação e ‘negociação criativa entre o local e o estrangeiro’. Novas tendências para reconhecimento por parte de um novo público negro jovem, em busca de suas identidades diante da globalização cultural.
O samba-rock é a nossa cara e – ao mesmo tempo – não é… Algo como a Bossa Nova (que é nossa e – ao mesmo tempo – não é, com a influência do jazz). Influências estrangeiras – repito – em um processo aceito por colonizados…
Gosto de ouvir, cantar e dançar samba-rock. Mas, também penso que – misturando chiclete com banana – muitos dos ricos gêneros são suprimidos pela colonização.
Uma riqueza que não se afirma frente aos processos de perda de aura e reprodutibilidade técnica, dentro das engrenagens da indústria cultural e, consequente, das eficientes dominações pela arte…
Ainda assim, imagino que quem não gosta de samba-rock é ruim do coco… Bom, como cantou o paraibano Jackson do Pandeiro em um samba-coco muito popular, “eu quero ver a confusão”…