Não é uma tarefa fácil lidar com o sucesso. O estrelato é capaz de fazer girar a cabeça dos mais equilibrados… Agora, imagine o sucesso chegando ainda na infância (quando ainda não estamos preparados para lidar com as exigências do ego…).
Nesta quarta-feira, o ator e cantor Macaulay Culkin está comemorando (tomara!) 40 anos de idade. Verdade que – como artista – parece que já morreu, mas Macaulay já fez imenso sucesso.
Com apenas 10 anos de idade, protagonizou a franquia ‘Esqueceram de mim’, o que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro (na categoria de melhor ator – comédia/musical). Também estrelou o fofíneo ‘Meu primeiro amor’, ‘Riquinho’ e o interessante ‘Anjo malvado’.
Entre 1990 e 1994, Macaulay Culkin ganhou grana de rodo e palmas a granel! Nem ele nem a família tiveram estrutura para tanto… Parou de atuar em 1994 e mergulhou nas drogas (lícitas e ilícitas)… Até tentou voltar ao estrelato nos anos 2000, mas não deu lá muito certo…
Escreveu sua própria biografia e montou uma banda de rock. Acumulou fracassos e esquecimentos da indústria de massa. Atualmente, ele tem um site satírico de cultura pop e podcast chamado Bunny Ears.
A trajetória de Macaulay tem alguns pontos em comum com a do paraibano Sávio Rolim, ator que fez sucesso ao estrelar o longa-metragem ‘Menino de engenho’, em 1965, sob direção do cineasta Walter Lima Jr, baseado na obra de José Lins do Rêgo.
Sávio teve projeção nacional com o seu papel. Trocou a Paraíba pelo Rio de Janeiro, onde ficou aos cuidados de ninguém menos que Glauber Rocha, o maior nome do Cinema Novo. Na época das gravações de ‘Menino de engenho’, Sávio tinha apenas 12 anos de idade.
Não soube lidar com a situação. E, embora tenha feito alguns filmes nas décadas de 1970 e 1980, caiu no ostracismo e teve problemas com drogas, o que teria disparado o gatilho de sua esquizofrenia paranoide. Passou a viver por esquinas e becos.
Em 2004, a vida de Sávio foi retratada no documentário ‘O Menino e a Bagaceira’, dirigido por Lúcio Vilar. O filme foi exibido no Festival de Cinema de Pernambuco, premiado na categoria Vídeo Nordestino, considerado a melhor pelo júri e pela crítica.
Sávio e Macaulay tiveram que encarar problemas similares e são irmãos de sofrimento. Do Sertão da Paraíba ao Centro de Nova York, uma lágrima e muito talento unem os dois. Esqueceram de Macaulay. Esqueceram de Sávio.