O longa-metragem ‘Marighella’, de Wagner Moura, estreia hoje nos cinemas paraibanos. Um filme que chega às telas depois de muita polêmica. Cineasta disse ter sido censurado pelo Governo Bolsonaro (que teria dificultado sua estreia). Teve até corrente de boicote entre apoiadores da gestão…
Por sinal, a gestão do presidente Jair Messias Bolsonaro faz de ‘Marighella’ um filme grandioso. Uma bandeira de resistência. Um manifesto contra opressores e contra a tortura. Não é demais lembrar que o presidente Bolsonaro é fã do coronel Ustra, apontado como um dos maiores torturadores da ditadura militar instalada no Brasil em 1964. Sandices e violências atuais que fazem de ‘Marighella’ um filme contemporâneo…
Mas, voltando para obra… ‘Marighella’ fica em algum ponto entre o razoável e o bom. Uma direção básica para um roteiro funcional (adaptação do livro ‘Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo’). Boas interpretações (elenco bem sintonizado). Seu Jorge – protagonista – convence (já havia convencido na série ‘Irmandade’ e no filme ‘Cidade de Deus’).
O paraibano Luiz Carlos Vasconcelos (como Branco/Velho) é arrasador. Destaque ainda para Humberto Carrão e Bruno Galiasso. E o restante do elenco encarna a essência de luta e camaradagem, principalmente nos momentos de tiro, porrada e… tortura. Muita tortura! Um filme poderoso e percussivo como a trilha (que tem canções de Chico Science).
O filme de Moura – como já disse – não é um primor. Ainda assim, é envolvente. É funcional urdindo tramas históricas e conflitos passionais. Consegue prender a atenção do espectador diante dos fatos históricos que fazem parte da trajetória do guerrilheiro baiano (assassinado pela ditadura militar há exatos 52 anos).
O longa faz pulsar e vibrar a plateia que tem simpatia pela causa de esquerda (ou que não está em sintonia com a direita opressora). “Vocês estão matando um patriota!!!”. Essa fala de uma das personagens e a cena em que guerrilheiros cantam o Hino Nacional são emblemáticas.
Cenas que questionam o atual conceito de patriotismo e os símbolos nacionais (roubados por ultradireitistas, negacionistas e genocidas). Um longa com quase três horas de duração para se repensar conceitos e histórias tão recentes… Nem é um grande filme, mas é necessário demais…!!!
‘Marighella’ é um filme para ser avaliado muito além de aspectos tecnicistas. É um filme de época que consegue ser um filme do seu tempo. O filme se passa na década de 1960, mas você pode assistir como se fosse nos tempos de hoje. Não deixe de ver. Veja e saia da sala de cinema com a sensação de que podemos mudar nossa realidade…!!! Sim. Os comunistas guardavam sonhos e Carlos Marighella vive…