Professora (educadora de jovens e adultos) e poetisa. Uma mulher à frente de seu tempo. Uma mulher que – morta – ainda precisa lutar para que não apaguem sua história.
Ontem, dia 22, foi marcado pelos 90 anos da morte de um dos nomes relacionados à Revolução de 30: Anayde Beiriz. Pouco ou nada foi feito em sua homenagem…
Paixão do advogado João Dantas, Anayde sofre com as tentativas permanentes de retirá-la da história. É execrada como uma espécie de Maria Madalena… Violência de gênero.
A ‘panthera dos olhos dormentes’, como destacou o saudoso escritor paraibano Marcus Aranha (irmão do jornalista Carlos Aranha) no título do livro sobre Anayde, é vítima de ‘misoginia histórica’… Misoginia e preconceito…
Todos sabemos que a espetacularização do relacionamento amoroso de Anayde e João Dantas pelos jornais da época levou ao assassinato de João Pessoa e, consequente, à Revolução de 1930.
Em outubro do mesmo ano, João Dantas foi ‘suicidado’. No mesmo mês, em Recife (PE), Anayde foi encontrada morta, no Asilo Bom Pastor, e enterrada como indigente.
Dizem que foi envenenamento e que ela teria se matado. Tinha apenas 25 anos a ‘panthera dos olhos dormentes’…
A casa onde residiu Anayde, de 1928 a 1930, deu lugar a um estabelecimento comercial. Teve a arquitetura descaracterizada, o desprezo de autoridades e até dos que pesquisam a história…
A casa fica na rua Santo Elias, 176, Centro. Poderia abrigar um memorial. A memória de Anayde foi negligenciada desde a sua morte.
Recomendo o filme ‘Parahyba Mulher Macho’ – de 1983 – dirigido por Tizuka Yamasaki, baseado na biografia de Anayde.
Também o livro de Marcus Aranha – ‘Anayde Beiriz – A pantera dos olhos dormentes’ – e a publicação ‘Anyde Beiriz em quadrinhos’, com roteiro da historiadora Sabrina Rafael Bezerra
Anayde – uma mulher libertária e muito além dos estereótipos – merece mais atenção e, principalmente, mais respeito. Esquecê-la e – pior – desprezá-la é a segunda morte de Anayde.