O documentário ‘Narciso em férias’, de Renato Terra e Ricardo Calil, é sobre a prisão de Caetano Veloso, logo após o Ato Institucional número 5, em dezembro de 1968. Estreia ocorreu nesta segunda-feira, dia 7, no Festival de Cinema de Veneza e também na GloboPlay.
Uma história fabulosa e atraente contada pelo próprio Caetano, em uma edição um tanto quanto cansativa e até enfadonha. O conteúdo nos atrai, nos deslumbra e estimula, mas o formato parece preguiçoso e simplório.
‘Narciso em férias’ tem pouco mais de 80 minutos de duração. Caetano (bem sentado em uma cadeira, tendo como cenário o que parece ser um paredão de concreto) faz relatos impressionantemente pleno de detalhes de sua prisão em São Paulo e ida para o Rio.
Apenas no fim do documentário os diretores nos mostram pelo menos os documentos da ditadura a respeito de Caetano. Imagino que o filme poderia não ser enfadonho no formato se oferecesse mais ‘ilustrações’ daquilo que Caetano conta.
O documentário parece uma espécie de ‘copião’… Ainda assim, pelo conteúdo, vale muito a pena ser visto (e revisto!). ‘Narciso em férias’ é um documento, com depoimentos tão fortes quanto afetivos a respeito dos mais de 50 dias em que Caetano esteve preso.
Sem correr risco de spoiler, posso dizer que depois de ‘Narciso em férias’, nunca mais escutarei da mesma forma ‘Súplica’ (com Orlando Silva), ‘Assum Preto’ (com Luiz Gonzaga) e ‘Onde o céu azul é mais azul’ (com Francisco Alves). Embora não seja supersticioso como Caetano…
O filme ainda tem Caetano cantando ‘Irene’ e ‘Terra e uma versão divinamente linda de ‘Hey Jude’, canção que também ganhou uma ressignificação para mim depois desse documentário. Repito: ‘Narciso em férias’ peca no formato, mas arrasa no conteúdo. Vale a pena ver (com lágrima e gozo…).