Poucos são os artistas notoriamente multitudinários capazes de exercer bem o talento da pluralidade. Criador de ‘Trupizupe’, o paraibano Bráulio Tavares é um desses. Na literatura, no teatro e na música, por exemplo, é referência. O artista festeja hoje 70 anos de idade.
Nascido em Campina Grande, Bráulio é autor do livro ‘Sai do meio que lá vem o filósofo’. Feito um ‘raio da silibrina’, ele escreveu poemas, romances e traduções. Uma vida dedicada à literatura fantástica e à ficção científica (!!!), à cultura nordestina (através do repente e do cordel).
Na área musical, desde os tempos da banda Analfabeatles, Braúlio também arrasa. É autor da canção ‘Nordeste independente’ (em parceria com Ivanildo Vila Nova e que fez sucesso na voz de Elba Ramalho). Já foi gravado por diversos artistas da MPB, como Lenine.
Ganhou um Prêmio Jabuti de Literatura Infantil em 2009, pela obra ‘A invenção do mundo pelo Deus-Curumim’ (em parceria com Fernando Vilela). Ainda na área de literatura, venceu o Prêmio Caminho de Ficção Científica em 1989 em Lisboa e o Prêmio Argos em 2013.
Última vez que entrevistei Bráulio foi quando do lançamento de ‘Galos de Campina’ (feito em parceria com Jessier Quirino, reedição de um folheto de cordel). O livro publicado pela Bagaço é uma reedição de cordel que registra uma peleja entre os dois poetas.
Lembro de Bráulio comentando que também colocaria nesse lançamento outro livro de sua autoria: ‘O Tesouro de Antonio Silvino’. Nas palavras dele, “uma parábola cangaceira à maneira de John Ford”.
Pois esse é Bráulio. Um cabra que conversa com Lampião, John Ford e alienígenas. Conversa e os abraça. E a eles beija na boca… Esse cabra faz 70 anos hoje e merece palmas pelo aniversário e pela trajetória (que envolve uma luta pela cultura nordestina).
Bráulio viu o mundo e ele começava no Nordeste…