Nesta quarta-feira, dia 4, a partir das 15h, o Cine Bangüê vai exibir oito curtas-metragens de diretoras paraibanas. As sessões são resultado de uma parceria entre Funesc e projeto LIS. Após as exibições, haverá debate com as diretoras sob mediação de Marina Blank.
A entrada é gratuita. A distribuição de ingressos será realizada na bilheteria do cinema (ao lado da Gibiteca Henfil) uma hora antes da sessão. Lembrando que a capacidade do Cine Bangüê fica em torno de 125 espectadores.
A programação integra a série de atividades em alusão ao dia 8 de Março. Essa Sessão Especial Mulheres está entre as mais de 50 ações do Mês da Mulher, resultante de parceria entre Funesc e Secretaria da Mulher e Diversidade Humana.
Serão exibidos os seguintes curtas:
– Sociedade do cloro (2015) 15’01” – Ana Bárbara Ramos
– Fim (2019) 15’01” – Ana Dinniz
– Odò Pupa, lugar de resistência (2018) 13’44” – Carine Fiúza
– Por ser mulher (2015) 13’26” – Cecília Bandeira e Mayra Medeiros
– Dama da noite (2018) 14’07” – Jéssica Rodrigues
– Velhos tempos (2016) 10’47” – Kalyne Almeida
– Simone (2015) 13’02” – Yluska Gaião
– Nem tudo são flores (2016) 15’01” – Jéssica Queiroga Magliano
Esses curtas-metragens foram produzidos no período entre 2015 e o ano passado. Todos eles têm como tema a opressão e a violência sofrida pelas mulheres e também as formas de empoderamento e inclusão.
‘Nem tudo sãos flores’, por exemplo, é um documentário sobre violência de gênero. No curta, a atriz Maria Betânia Pimenta (interpretando Olívia, Goreti e Margarida) narra histórias sobre violências vividas por mulheres em João Pessoa.
É um filme performático. Tudo inspirado em relatos verídicos. O documentário foi dirigido e produzido por Jessica Magliano. É um curta com momentos de extrema tensão, mas também com leveza e poesia. A atriz Maria Betânia faz toda diferença na construção desse filme.
Já o curta ‘Simone’ é um filme sobre crimes virtuais que atentam contra a honra das mulheres, especificamente o ‘revenge porn’ (quando imagens íntimas, com nudez e sexo, são vazadas pelos parceiros para humilhar/difamar suas companheiras).
No caso, a protagonista que dá nome ao curta é ‘julgada’ pela sociedade como responsável pelo crime e não como vítima. O curta propõe a óbvia denúncia contra esse tipo de crime e uma libertação dessa culpa imposta pela sociedade à mulher.
No elenco Yluska Gaião, Raquel Ferreira, Kelner Macedo e Fábio Campos. Na trilha sonora tem a banda Glue Trip. Maquiagem é da atriz Jamila Facury (que integrou o elenco do premiado longa ‘Bacurau’).
‘Velhos tempos’, sob direção de Kalyne Almeida, é um filme que ´todo poesia. Kalyne é fotógrafa e soube colocar em seu curta uma beleza estética que se contrapõe à violência psicológica sofrida pelas personagens.
O título é quase uma ironia, uma vez que as imagens mostram que os velhos tempos são bastante atuais… O elenco desse curta conta com Raquel Ferreira, Erik Martinez, Neide Melo e Maria Alyce.
‘Dama da Noite’ é um documentário que fala, antes de mais nada, sobre mulheres. O filme traz a história de personagens femininos, dentre os quais estão uma cantora, uma frequentadora e uma dona de bar. Mulheres livres transitando pelos espaços boêmios.
A história se passa na cidade de Campina Grande, com Regina Silva, Eliana Maria e a Gopi Gana. O curta ganhou os prêmios de melhor Roteiro e Melhor Atriz na Mostra Tropeiros, no 13º Festival Comunicurtas.
Tem também ‘Por ser mulher’, que é um apanhado de falas que levam à extrema reflexão sobre a condição de ser mulher. Mulheres de várias idades, segmentos sociais e condições econômicas dão seus depoimentos sobre a construção da opressão desde a infância.
Direção de Cecília Bandeira e Mayra Medeiros leva a um didatismo por meio de relatos profundamente espontâneos. Falas coletadas em diversos pontos da cidade. ‘Por ser mulher’ é para refletir…
‘Odó Pupa, lugar de resistência’ é outro filme dentro dessa sessão especial. O documentário tem direção de Carine Fiúza. Em 14 minutos de duração, esse curta de 2018 é um manifesto contra a violência.
A base desse filme é a estruturação do racismo na formação política, social e cultural do Brasil. Esse racismo resulta, inclusive, no assassinato em massa de negros (conforme estatísticas do Mapa da Violência 2016). São 23.100 jovens negros assassinados por ano.
A paraibana Ana Bárbara Ramos é a diretora do documentário poético ‘Sociedade do cloro’. O curta mostra a movimentada piscina de uma academia em João Pessoa. A vida de seus frequentadores da terceira idade fica triste quando fora da piscina.
Um ponto interessante desse curta é que ele não tem falas. Nada de depoimentos! São imagens de extrema alegria e de extrema apatia. Uma liberdade poética muito bem usada por Ana Bárbara Ramos.
E por fim… ‘Fim’. Esse curta-metragem de ficção tem direção de Ana Diniz. Olha a sinopese: uma família planeja a festa em torno de sua matriarca. A história é sobre um encontro sui generis de gerações onde a verdadeira faceta será revelada em luz negra.
Com 15 minutos de duração, o filme foi exibido na Mostra Sob o Céu Nordestino, durante o Fest Aruanda do ano passado, em João Pessoa. Esse curta conquistou a premiação de Melhor Roteiro (para a diretora Ana Diniz).