O argumento é um dos maiores poderes que uma pessoa pode ter. Todo argumento é parido a partir de um processo de reflexão (que só pode ser realizado como exercício de raciocínio com base em sensibilidade e dados – estatísticos e históricos). Vaiar por vaiar é burro. Aplaudir por aplaudir, também. Concordar por concordar é idiota. Discordar por discordar, também.

Um dos buchichos culturais desta semana foi a cópia de discurso nazista feita por Roberto Alvim, secretário especial da Cultura do governo do presidente Jair Bolsonaro. Alvim defendeu uma arte brasileira “heroica e imperativa”, usando um discurso semelhante ao do ministro de Adolf Hitler da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels.

Levando em conta que Goebbels foi uma personalidade antissemita radical e um dos idealizadores do nazismo, pegou mal a cópia descarada feita por Alvim (em vídeo divulgado na Internet, com Wagner como música de fundo). O secretário de Bolsonaro garante que foi apenas uma “coincidência retórica” e reforçou que não vê problema algum naquilo que ele falou a respeito do que esperar da arte brasileira. Vejamos, pois, os dois discursos:

“A arte (…) da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada.” Esse é um trecho de parte de um discurso do ministro nazista Joseph Goebbels, braço direito de Adolf Hitler.

E agora o discurso de Alvim: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada.” Trocando uma palavra aqui e outra ali, senhoras e senhores, é o mesmo discurso.

Só há um argumento possível em favor do discurso de Alvim. Argumento que tem sido usado por fãs do presidente Jair Bolsonaro e também por aqueles que jamais se interessaram pela produção artística brasileira (e que até sentem ódio de arte e de artistas). Um argumento que fere os critérios básicos para definição daquilo que é argumento: muuuuuuuuuuuuuuuu…!!! E segue o gado…

2 Comentários

  1. Muito triste onde chegamos. Nem precisava ouvir o discurso, basta ver estampado no rosto as intenções. Desde o ano passado a Terra ficou plana… de novo.

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