Contemporâneo e Humano: Desafios do time de RH na indústria

Por Daniele Tavares – Gerente de RH da FIEP

A área de Recursos Humanos na indústria enfrenta um cenário desafiador, em constante transformação e, sobretudo, impulsionado pela inteligência artificial e por inúmeros avanços tecnológicos. A nova dinâmica de trabalho é moldada por demandas crescentes de produtividade e eficiência, enquanto o ser humano, em sua subjetividade, lida com a complexidade da vida atual, sua velocidade, tecnologia, narcisismo e excessos na vida paralela das redes sociais, tornando assim a saúde mental um fator que merece nossa atenção.  Nesse sentido, a área de Recursos Humanos precisa reconhecer e assumir um papel de protagonismo no negócio, se tornando cada vez mais estratégica, integrando seu foco no ser humano com o alcance dos objetivos e desafios do negócio.

Esse contexto nos possibilita enxergar 4 grandes desafios para o RH dentro da indústria:

  1. Escassez de mão de obra qualificada e o desenvolvimento de talentos: com o avanço tecnológico e a automação de processos, o perfil do trabalhador da indústria hoje requer flexibilidade, multidisciplinaridade, visão analítica, aptidão para solucionar problemas complexos e uma grande capacidade de aprendizado contínuo. Surgem novas demandas por profissionais especializados em áreas como análise de dados, inteligência artificial e robótica. Encontrar, contratar, reter e sobretudo desenvolver esses talentos tem se mostrado imperioso às organizações.
  2. Saúde e segurança ocupacional: A indústria frequentemente envolve riscos ocupacionais, como acidentes de trabalho e exposição a substâncias perigosas. No tocante a esse aspecto, cabe bem a máxima: Saúde é produtividade! Construir um ambiente seguro, onde o colaborador pode realizar suas atividades sem riscos relevantes à saúde física, mental e emocional, é condição sem a qual não se conseguirá atingir objetivos. Em matéria da VOCÊ RH, há um bom panorama sobre o tema, segundo a publicação, de acordo com um estudo da Gallup, empresas com funcionários felizes têm 50% menos acidentes laborais, já um estudo da Harvard Business Review mostra que empregados satisfeitos são 31% mais produtivos e 85% mais eficientes. Por outro lado, cuidar da saúde do trabalhador preserva a organização juridicamente, minimizando passivos trabalhistas. Além disso, demonstra o compromisso da empresa para construção de um ambiente ético e responsável; reforça a imagem de responsabilidade social junto aos clientes e à sociedade; diminui o presenteísmo e engaja os colaboradores nos objetivos e propósitos da instituição. Ignorar esses problemas impacta diretamente a produtividade, a qualidade do trabalho e a retenção de talentos.
  3. Gestão da diversidade: De acordo com uma pesquisa da McKinsey & Company (McKinsey, 2018), há um vínculo direto entre diversidade – definida como a pluralidade de raça, gênero, idade, etnia e habilidades – e a performance financeira das empresas, bem como uma forte correlação entre diversidade de gênero entre equipes executivas e criação de valor. O estudo verificou que as empresas com maior diversidade de gênero em suas equipes executivas eram 21% mais propensas a ter lucratividade acima da média. Sendo assim, promover a inclusão de grupos minoritários no mercado de trabalho, como mulheres, pessoas com deficiência e diferentes etnias, é essencial para criar um ambiente de trabalho mais igualitário e aumentar a diversidade de ideias e perspectivas. No entanto, isso requer uma mudança cultural e a adoção de políticas de igualdade de oportunidades.
  4. Clima organizacional: O setor industrial reiteradamente é marcado pela necessidade de se manter competitivo, pela busca de resultados e pelos conflitos interpessoais, fatores que tornam imprescindível a gestão do clima organizacional e a gestão dos conflitos para manutenção de um ambiente de trabalho saudável. Logo, o tema ganha uma conotação de destaque entre as políticas de RH na indústria, que em parceria com os líderes da organização, deve buscar a construção de “pontes” que levem à solução dos conflitos, preparando líderes e times para dialogar, lidar com o contraditório, com o diverso, ao passo que sejam estabelecidos canais de comunicação claros e com métodos adequados para lidar com os conflitos de forma transparente. Nesse âmbito, ao buscar promover o bem-estar integral e um bom clima organizacional, o desafio do Rh se mostra muito mais complexo, transcendendo as políticas de benefícios, programas de saúde mental e outros práticas que por si não trarão o bom clima organizacional. Exige, de antemão, uma atuação estratégica, estruturada e com métodos adequados para promover a comunicação efetiva, o reconhecimento dos colaboradores e a resolução de conflitos. Sendo assim, um ambiente de trabalho motivador e saudável virá por consequência.

Os resultados e o sucesso de uma organização são um fenômeno integrado e indissociável do esforço humano. A área de RH na indústria enfrenta desafios complexos que exigem adaptabilidade, visão estratégica e, principalmente, uma preocupação genuína com o capital humano.  Ao investir nos aspectos acima relacionados, as empresas não apenas garantem um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo, mas também se posicionam de forma mais competitiva no mercado, atraindo e retendo os melhores talentos. Superar esses desafios requer estratégias eficazes e uma abordagem proativa, visando atrair, desenvolver e reter os melhores talentos, promover a diversidade e inclusão, garantir a segurança ocupacional e adaptar-se à transformação digital. O RH desempenha um papel crucial na indústria, pois é responsável por impulsionar o sucesso do negócio por meio das pessoas.

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