Está na página do Facebook da Academia de Letras, Ciências e Artes do Vale do Mamanguape (ALCA-VM), na seção Dica de Leitura, a indicação do romance histórico-jurídico “A Preta Gertrudes” do escritor e desembargador do Tribunal de Justiça da Paraíba, Marcos Cavalcanti de Albuquerque. A 25ª obra do magistrado foi lançada em 2018 com 386 páginas e tem o selo da Editora A União.

O livro relata o caso emblemático da ‘Preta Gertrudes’, escrava paraibana que recorreu à Justiça para não ser vendida em praça pública, como pagamento de uma dívida. O autor esmiuçou a história do personagem em 28 capítulos: da infância feliz de Gertrudes a orfandade, passando pela menina escrava, seu romance com o índio Kauê, entre outros tópicos marcantes.

Segundo Cássio Marques, secretário da ALCA-VM, a seção Dica de Leitura é um espaço de divulgação de livros publicados pelos membros da Academia do Vale do Mamanguape. “A ação visa fortalecer e divulgar o acervo literário dos 25 acadêmicos que compõem a Academia de Letras, Ciências e Artes do Vale do Mamanguape nas mídias digitais”, ressaltou, acrescentando que estreando essa iniciativa foi apresentado como dica de leitura o romance histórico: A Preta Gertrudes.

No ano passado, a obra ganhou adaptação para o teatro, com o título ‘O Julgamento da Preta Gertrudes’. De acordo com o desembargador Marcos Cavalcanti, diretor da Escola Superior da Magistratura (Esma) e, também, da academia, a peça, em um único ato, é desenvolvida em três partes e cada parte com duas cenas. Além da própria Gertrudes e do Índio Kauê, com quem teve um relacionamento amoroso, a apresentação teatral traz, ainda, as personagens do Frade (Frei João da Encarnação), do Velhaco (Carlos José da Costa), do Juiz de Fora, de fiéis depositários, desembargadores, entre outros. O prefeito, o escrivão, o carcereiro, grupo de Índio, e o primeiro fiel depositário participam como figurantes.

“É um trabalho difícil, em que precisei fazer uma releitura da obra. Saímos da ficção do romance para o teatro, terminando com o julgamento de Gertrudes no Tribunal, assim como foi no livro”, disse o autor.

A Preta Gertrudes – A ‘Negra do Tabuleiro’, como era chamada, vendia frutas, verduras e o que mais lhe permitiam. Com cerca de 30 anos, Gertrudes Maria não quis ser vendida em praça pública e, para que isso não acontecesse, travou uma guerra judicial pela própria liberdade.

Ela teve que se opor a um embargo de penhora contra seu senhor, iniciado em 1828, que colocou em risco a sua liberdade parcial. Seu grande feito foi o de não ter se posicionado de forma passiva e de ter procurado, de imediato, o auxílio de advogados em sua defesa. Naquela época, não era comum às mulheres ou aos homens escravizados contratarem advogados ou serem representados por eles.

Gertrudes chegou a ser presa. Para conseguir a liberdade de volta, solicitou um novo responsável, o tenente Modesto Honorato Victor. Quatro meses depois, em abril de 1841, o mesmo credor entrou com uma ‘Ação em Juízo’ na tentativa de vender Gertrudes e os filhos dela em praça pública para receber a dívida, sendo estas as últimas informações registradas sobre o caso.

Por Marcus Vinícius/Gecom-TJPB

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