‘Gisberta – Basta um nome pra lembrarmos de um ódio’ é um espetáculo visceral e com nível de entrega abissal à personagem. No palco, a atriz trans paraibana Letícia Rodrigues interpreta Gisberta Salce Júnior, travesti torturada e assassinada por 14 adolescentes, em 2006, na cidade de Porto, em Portugal. Em pouco mais de uma hora de apresentação, a artista coloca os espectadores em um ato político emocionante contra a transfobia.

Gisberta Salce Júnior e Letícia Rodrigues

Peça pode ser vista nesta quarta-feira e também amanhã, dias 12 e 13, a partir das 20h, no teatro Ednaldo do Egypto, no bairro de Manaíra, em João Pessoa (Rua Maria Rosa, 284). Ingressos antecipados custam apenas R$ 20. Pessoas Travestis e Transsexuais contam com a ‘Transfree’ (entrada gratuita). O Pix é 83986255220 (o mesmo contato é o zap para enviar o comprovante e retirar os ingressos na bilheteria do teatro).

 

‘Gisberta – Basta um nome pra lembrarmos de um ódio’ poderia ter mais poesia e até menos didatismo historicista no texto. Ainda assim, esse monólogo – que mira mais na emoção que na técnica – tem a força de um soco no estômago. A plateia se emociona em diversos momentos, uma vez que o texto ‘não alisa’ (sem fartura de ‘alívios cômicos’). Direção do experiente Mizael Batista parece deixar Letícia bem à vontade em seu lugar de fala.

 

Como já disse, falta poesia no texto… mas sobra nas soluções cênicas! Coisa linda de ver!!! Letícia Rodrigues, aliás, é a rainha das soluções cênicas, guardando uma similaridade com José Mojica Marins ao tirar muito de onde parecia não haver nada. A interação com a plateia funciona e – como sempre – Letícia tem os espectadores nas mãos.

 

E ainda tem música ao vivo! Um luxo! No final das contas, é um espetáculo que precisa ser visto. Um espetáculo necessário! Cumpre com o seu papel. Como sempre, Letícia Rodrigues, dirigida por Misael Batista, explicita um imenso nível de entrega à arte de encenar (em associação a um extremo ativismo no palco). Letícia endurece… mas não perde a ternura.

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