Quero nem discutir as estratégias de marketing usadas pelas empresas para alavancar as vendas de seus produtos. Quero nem discutir a briga comercial pela captura de segmentos de consumidores, fatias de mercado e pluralidade de perfis de clientela. Todas as grandes empresas vivem a discutir isso (o tempo todo). Prefiro – neste momento – falar sobre como as relações comerciais refletem nossa forma de enxergar a sociedade.

Thammy Miranda com o filho

Assunto da semana foi a campanha de uma empresa nacional (voltada para a venda de perfumes e cosméticos). Essa empresa lançou uma campanha publicitária para o Dia dos Pais e o garoto propaganda é o Thammy Miranda (ator e cantor trans), filho de Gretchen (aquela de ‘Freak lee boom boom’ e de ‘Conga’). Thammy foi contratada com digital influencer e aparece na campanha segurando o seu filho nos braços. Um bebê.

Isso bastou para os cidadãos de bem se sentirem ofendidos. Passaram a vociferar que se tratava de uma afronta à família. Houve quem articulasse links políticos entre a campanha e o PT… Dói na mente, no coração e na alma ler tamanhas baboseiras recheadas de preconceito e transfobia. Defenderam até boicote à empresa, lançando contra ela o ódio que – na verdade – eles têm contra os gays.

Thammy Miranda é homem (e isso não está em discussão). Thammy Miranda é pai (e isso também não está em discussão, havendo – inclusive – aparato legal para que ele seja pai). Thammy Miranda é homem e – recordando Rita Lee – é mais macho que muito homem (que nem sabe o que é ser pai!). Homens que desprezam seus filhos. Que negam a paternidade. E que não assumem suas responsabilidades (nas finanças e no afeto). Um mói de machuós!

Criticar a campanha e criticar Thammy como garoto propaganda evidencia os muitos preconceitos exercitados por nossa sociedade. Gente que se define como ‘cidadão de bem’ e que se coloca como protetor da família e dos bons costumes. A paciência com relação a essas manifestações precisa ser zero. Não é uma questão de liberdade de expressão. É uma questão de respeito. E – desde já – feliz Dia dos Pais (somente para quem é pai de verdade…).

1 Comentário

  1. Pois é Jamari vivemos numa sociedade doentia…! Isso demonstra a falta de conhecimento de si mesmo. Como seria bom , se as pessoas pensasse que contribuísse poderia dar para que essa sociedade se tornasse melhor.

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