A mais elementar divagação filosófica leva o mais comum dos mortais a se perguntar de onde veio. Necessidade que temos de nos entender a nós mesmos a partir de nossas origens. É a formatação do inquérito de si mesmo.

Maria, minha mãe

Saber de onde viemos é fundamental. Ao descobrir, não esquecer é essencial para a continuidade de nosso desenvolvimento. E isso, obviamente, vai além dos elementos geográficos (embora seja esse um elemento muito importante nessa divagação).

Além do lugar geográfico, há muitos não lugares a serem levados em conta nesse processo de busca da origem. Um continente ajuda a explicar tua origem. Um país, também. Um Estado ajuda a explicar tua origem. Uma cidade, também.

Um bairro ajuda a explicar tua origem. Uma rua, também. Uma casa ajuda a explicar tua origem. Um quintal, também. Uma família ajuda a explicar tua origem. Um afeto, também. O não lugar é muito mais importante que o lugar.

Os cordões umbilicais são muitos. Alguns são cortados. Outros, nunca. Alguns parecem cortados, mas jamais serão. Jamais!  “Eu sou cordão umbilical”, como canta Caetano Veloso em ‘Todo homem’.

Giselle, meu amor, minha esposa e mãe dos nossos filhos

O que acontece quando um homem sangra? Ele busca abrigo em suas origens. Ele reata cordões. Uterinamente, busca abrigo. Porque todo homem precisa de uma mãe. Repito, melodicamente: todo homem precisa de uma mãe.

Não há abolição umbilical. O cordão cortado permanece vivo como afeto incondicional daquilo que somos, daquilo que pretendemos ser e daquilo que as pessoas que nos amam pretendem que sejamos. Somos agora o que nossas origens determinam.

Ouço Caetano (acompanhado dos filhos Zeca e Moreno) cantar ‘Todo homem’ e me pergunto de onde vim. De onde vim, sei, uma Maria sempre me amaria. De onde vim, sei, uma Maria me ama. Todo homem precisa de uma mãe. E é aí que reside o sentido – senão da vida – do afeto.

(…)

Dedico esse texto a Maria (minha mãe e de mais cinco irmãos) e a minha esposa Giselle (mãe dos nossos filhos Theo e Amora)

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