Quando vi ‘A bruxa’ tive a sensação de que o diretor Robert Eggers não mais faria um filme de terror com tamanha capacidade de deixar o espectador sem ar. Alguns anos mais tarde, Eggers – ainda bem! – me fez morder a língua. Seu mais novo longa-metragem é ‘O farol’, indicado ao Oscar de Melhor Fotografia (e franco favorito à conquista da estatueta, disputando com ‘1917’, ‘O irlandês’, ‘Era uma vez em… Hollywood’ e ‘Coringa’).

Cena de ‘O farol’, com Dafoe e Pattinson

O novo filme de Eggers é uma mistura de homoerotismo, mitologia e busca de evolução através do saber. Em cena, Robert Pattinson e Willem Dafoe. Pattinson é aquele que fez muito sucesso como o vampiro douradinho da franquia ‘Crepúsculo’. Está quase irreconhecível em ‘O farol’ (muito bem dirigido). Dafoe é o mesmo de ‘A última tentação de Cristo’ e ‘Anticristo’. É sempre uma garantia de boa interpretação.

‘O farol’ é todo em preto e branco e se passa em uma ilha, no final do século XIX. Dois homens responsáveis pela manutenção do farol se pegam entre conflitos e similaridades. Dois homens que se pegam em um processo de construção da metafísica do poder e a busca do conhecimento. Dois homens que se pegam… Que se pegam mesmo…! É um filme tenso e denso, que requer muita atenção (em cada uma das cenas).

Há um mundo de menções a seres mitológicos (como Proteu e Prometeu) e também há uma possível leitura psicanalítica do filme. Em alguns momentos, o espectador pode até pensar que não há dois homens em cena e sim apenas um… ‘O farol’ prende a atenção sem jumpscares, oferecendo ao espectador um terror psicológico profundamente assustador em torno do elemento fálico que é o farol.

https://www.youtube.com/watch?v=rwExUiQzCD0

Em tempo: o produtor de ‘O farol’ é um brasileiro: Rodrigo Teixeira (o mesmo de ‘A vida invisível’). Rodrigo circula bem no meio hollywoodiano, sendo produtor ainda de ‘Ad Astra’ (filme com Brad Pitt), ‘A bruxa’, ‘Frances Há’, ‘O cheiro do ralo’ e também do premiado ‘Me chame pelo seu nome’.

‘O farol’ de Eggers está em cartaz no Cine Bangüê, na Fundação Espaço Cultural, em João Pessoa. É um longa para ser visto e revisto. Motivos para isso?!?! Uma fotografia linda (a indicação ao Oscar não é à toa) e um roteiro muito inteligente e desafiador (embora não chegue a ser surpreendente).

É um filme sobre culpas, loucuras e os demônios de cada um. Um filme sobre a evolução através da iluminação do saber. Um filme que você não vai assistir na ‘Sessão da Tarde’. Não deixe de ver (e rever)!!!

1 Comentário

  1. Excelente crítica! Conseguiu provocar, com contundência, o desejo de assistir “O Farol”.
    Obrigada.

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