Fecha esse blog, se por agora não tens motivo nenhum de pranto diante da perigosa e crescente ideia de que ditadura, opressão e censura são elementos necessários para “colocar ordem” no Brasil. Uma tendência que, especificamente, vem fazendo muito mal à cultura e – ainda mais especificamente – ao audiovisual nacional.

Uma das vítimas dessa tendência foi o filme ‘A primeira tentação de Cristo’, do Porta dos Fundos. O desembargador Benedicto Abicair (do Tribunal de Justiça do rio de Janeiro) é o responsável pela decisão que estabeleceu uma censura ao especial de Natal do grupo humorístico veiculado na Netflix. Benedicto parece emblemático desse novo tempo no País…

Em sua decisão, ele afirmou que retirar o filme do ar é “mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do agravo. (…) Vejo com bons olhos todo e qualquer debate ou crítica à religião, racismo, homossexualidade (…) desde que preservados a boa educação, o bom senso, a razoabilidade e o respeito à voz do outro”.

Momento do ataque à sede do Porta dos Fundos

A sede do Porta dos Fundos sofreu um atentado a bomba após o lançamento do filme, no Rio de Janeiro. Sobre esse atentado, o desembargador emitiu a seguinte opinião: “Toda ação provoca uma reação”. A comédia exibida para assinantes do Netflix mostra Jesus homossexual e um triângulo amoroso entre José, Maria e Deus.

Não custa lembrar que o desembargador é o mesmo que votou em 2017 pela absolvição do então deputado federal e atual presidente da República Jair Bolsonaro por conta de comentários homofóbicos no programa “CQC”, da TV Bandeirantes. Bolsonaro foi condenado em primeira e segunda instâncias a pagar R$ 150 mil pelas declarações que fez em 2011.

Benedicto Abicair já defendeuo pagamento de auxílio-moradia para juízes, pois eles teriam vida “difícil e sacrificante”, e defendeu um colega magistrado que deu voz de prisão ao ser parado em blitz da Lei Seca, que ele já havia criticado em situação anterior. E ainda criticou passageiros que não usam roupas elegantes dentro dos aviões. Definitivamente, Benedicto combina com o atual panorama político brasileiro…

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